A gestão de contratos e valores foi, mais uma vez, um dos principais assuntos abordados na oitiva da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga as contas da Santa Casa, realizada na última terça-feira (13), no plenário da Câmara Municipal, com o diretor financeiro da unidade de saúde, José Eduardo Ponciano de Carvalho, que chegou a responsabilizar, em muitos momentos, a ex-diretora executiva Bianca Talita por muitas das decisões financeiras e administrativas que foram tomadas.
Durante o seu depoimento, Ponciano classificou um dos contratos, mas precisamente o que foi firmado com a empresa CBS Serviços Médicos, como “leonino” para a Santa Casa.
Isto é, um contrato que favorecia totalmente a empresa, em prejuízo do hospital. “O contrato com a CBS é impraticável. É totalmente leonino”, sentenciou.
“Neste contrato, todo recurso que a Santa Casa receberia pelo serviço repassaria para a empresa prestadora e assumiria os custos operacionais”, apontou.
O referido contrato com a empresa já havia estado no centro da oitiva realizada no último dia 29 de abril pelo presidente do Conselho Administrativo e Financeiro da Santa Casa de Rondonópolis, Jacques Polet, que sinalizou, na oportunidade, que a sua assinatura teria sido “fraudada” no documento.
Questionado pelos vereadores da CEI se não fazia “alertas” formais, como diretor financeiro, sobre contratos e decisões financeiras prejudiciais à Santa Casa, ele se defendeu dizendo que pediu esclarecimentos para assessoria jurídica, conduzida pelo advogado Leonardo Rezende. Como resposta, recebeu a informação de que ele [Leonardo] não tinha conhecimento.
“Este contrato (CBS), no dia que tomei conhecimento (20 de setembro), eu levei pessoalmente até o advogado Leonardo Rezende, que me falou que o contrato não havia passado pelas mãos dele, pelo escritório dele”, explicou Ponciano, acrescentando que levou, posteriormente, até o Conselho de Administração.
“Levamos este contrato ao conhecimento do Conselho de Administração da Santa Casa, que autorizou a suspensão dos pagamentos a esta empresa até que fossem esclarecidas todas as pendências”, atestou o diretor financeiro, respondendo, em seguida, aos vereadores que, até o momento, ainda não houve resultado da averiguação do contrato, que teria tido início em janeiro do ano passado.
“O contrato foi pago até junho”, afirmou Ponciano, observando que a Santa Casa tem débitos com a empresa, mas os pagamentos seguem suspensos.
Ao ser indagado quem teria feito o contrato com a empresa de serviços médicos, Ponciano respondeu que “possivelmente”, foi conduzido pela ex-diretora executiva Bianca, que deixou o cargo em novembro do ano passado.
E foi além! Segundo ele, muitos dos contratos e pagamentos feitos, até a saída de Bianca do cargo, eram centralizados por ela.
“Quando assumi como diretor financeiro, peguei um período que podemos chamar de transição da diretoria, onde direção executiva era centralizada numa pessoa só, em que as decisões todas eram tomadas por ela”, disse o depoente.
Observou ainda que, até a saída de Bianca, ele tinha uma “autonomia vigiada”. Isto é, fazia os apontamentos, mas quem fazia, por exemplo, os pagamentos era a diretora executiva.
Fonte Da Reportagem