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terça-feira, agosto 12, 2025

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Rondonópolis em Foco: Gigante do agro enfrenta mercado volátil e desafios pós-Safra 2025

O cheiro de poeira e o som dos motores que dominaram os últimos meses na região sul/sudeste do estado de Mato Grosso, onde a cidade polo é Rondonópolis, começam a dar lugar a um clima de análise e planejamento estratégico.

Com a colheita da safra de milho 2024/2025 (a “safrinha”) em sua fase final, o município, que é o coração logístico do agronegócio de Mato Grosso, agora volta suas atenções para os números, os mercados e os imensos desafios que se desenham para o próximo ciclo.

Embora tenha reafirmado sua posição como líder de exportação do estado no primeiro semestre de 2025, o sentimento entre os produtores é de cautela.

Os resultados da safra 2024/25 foram mistos: a soja, colhida no início do ano, sofreu com a irregularidade climática, enquanto o milho safrinha, apesar de uma boa janela de plantio, enfrentou a pressão de preços internacionais em queda. O resultado é uma rentabilidade espremida, com a relação de troca sendo a mais apertada dos últimos três anos.

Transporte sob pressão: A batalha diária para escoar a riqueza

Neste cenário, o setor de transporte de cargas, a espinha dorsal que conecta o campo aos portos, opera sob máxima tensão. Para as transportadoras de Rondonópolis e do sudeste mato-grossense, 2025 tem sido um ano de custos elevados e alta volatilidade.

O preço do diesel e dos pedágios continua a pressionar as margens, e o valor do frete flutuou drasticamente. Após um início de ano com demanda incerta, os preços dispararam durante os picos de escoamento da soja e do milho.

Dados de junho mostraram altas significativas nos valores do frete em rotas cruciais, como a que liga Campo Verde ao terminal de Rondonópolis, reflexo do desequilíbrio entre a oferta de caminhões e a demanda concentrada.

Empresas de logística e transporte, como a Agrícola Alvorada, com forte presença na região, e os braços logísticos de gigantes como Amaggi e Bom Jesus, gerenciam frotas robustas para dar conta do volume. Em uma resposta direta a esse gargalo, a Brado Logística fez um investimento estratégico em maio deste ano, duplicando sua capacidade de descarga no terminal rodoferroviário de Rondonópolis com a instalação de um segundo “tombador”, permitindo o recebimento de até 180 caminhões por dia.

Apesar dos investimentos nos terminais, o desafio continua nas estradas.

As rodovias BR-163 e BR-364, artérias vitais, operam no limite. A concessionária Nova Rota do Oeste anunciou, em julho, um aguardado investimento de R$ 449 milhões para obras de duplicação e, crucialmente, para a implantação de conectividade 4G em todo o trecho de 850 km sob sua gestão, uma promessa que, se cumprida no prazo de 18 meses, pode revolucionar a logística digital na região.

No entanto, a realidade diária ainda é de obras emergenciais e interdições programadas – inclusive, para esta semana de agosto, com paradas na BR-364 para detonação de rochas, adicionando mais uma camada de complexidade ao já desafiador trabalho dos caminhoneiros.

Pós-Febrasem 2025: Tecnologia e Sustentabilidade na ordem do dia

A Feira Brasileira de Sementes (Febrasem), realizada na cidade em junho deste ano, deixou um legado de debates focados em biotecnologia e agricultura regenerativa.

Produtores da região já começam a investir em soluções para o mapeamento de carbono no solo e o uso de bioinsumos, visando não apenas a sustentabilidade, mas também a abertura de mercados que exigem certificações ambientais.

A futura implementação de 4G nas rodovias logísticas é vista como o elo que faltava para massificar o uso de tecnologias de agricultura de precisão, que dependem de conexão constante.

Desafios e o Próximo Ciclo

Com o planejamento da safra 2025/26 já em andamento, as preocupações se somam. Além da volatilidade de preços e do custo dos insumos, a eficiência e o custo do transporte são fatores decisivos para a viabilidade da produção.

As lideranças rurais voltam suas atenções para o Plano Safra 2025/26, com a expectativa de que o governo federal ofereça melhores condições de crédito e seguro rural para mitigar os riscos climáticos e de mercado.

Neste complexo cenário de agosto de 2025, Rondonópolis exemplifica a dualidade do agronegócio brasileiro: uma máquina de produção e exportação, mas cujas engrenagens – do campo à estrada e da estrada ao porto – operam sob uma pressão que testa a resiliência de todos os elos da cadeia.

Fonte Da redação

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