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segunda-feira, outubro 13, 2025

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‘Altos desafios!!!’, posta Trump ao embarcar para encontro com Putin no Alasca; acompanhe

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, segue para Anchorage, no Alasca, nesta sexta-feira, para se reunir com o presidente russo Vladimir Putin. O objetivo do encontro é discutir caminhos para o fim da guerra na Ucrânia.

O local escolhido para a reunião de alto nível é a Joint Base Elmendorf-Richardson, uma instalação militar americana localizada na região norte de Anchorage, a cidade mais populosa do estado.

Em um post na sua rede social Truth Social, Trump destacou a expectativa pelo encontro, escrevendo: “HIGH STAKES!!!” (algo como ‘grades desafios’, na tradução para o português).

Preparativos e comitiva

Trump deixou a Casa Branca por volta das 07h31 (horário local) em sua limusine presidencial, conhecida como The Beast, e embarcou no Air Force One, um Boeing 747-200B adaptado com suíte presidencial, escritório, academia, centro de comunicações, ala médica e capacidade para até 70 passageiros.

A comitiva inclui nomes como o secretário de Estado Marco Rubio, o secretário do Tesouro Steve Bessent, o secretário de Comércio Howard Lutnick, o enviado especial Steve Witkoff, a secretária de imprensa Karoline Leavitt e o diretor da CIA John Ratcliffe.

Já Vladimir Putin fez uma rápida parada em Magadan, uma remota cidade portuária no extremo leste da Rússia, a caminho do Alasca.

Localizada às margens do mar de Okhotsk, a cidade é mais conhecida internacionalmente por ter sido um importante centro do sistema de prisões do Gulag durante a era Stalin.

Fim do Que História!

A TV estatal russa registrou o presidente passeando por instalações de produção locais, reforçando a imagem de líder “mão na massa”. Putin visitou uma nova linha de suplementos alimentares russos, apresentados como parte do esforço de Moscou para alcançar “independência total” das importações ocidentais — embora todos os produtos exibidos estivessem embalados com rótulos em inglês.

Antes de seguir para Anchorage, Putin ainda visitou uma fábrica de processamento de peixes e um complexo esportivo em Magadan. Mais tarde, deve depositar flores em um memorial que homenageia a cooperação aeronáutica soviético-americana durante a Segunda Guerra Mundial.

Se o cronograma original for mantido, Donald Trump e Vladimir Putin devem iniciar as conversas por volta das 11h (hora local do Alasca, 16h no horário de Brasília).

A previsão é que Trump deixe o Alasca por volta das 17h45 (02h45 de sábado em Brasília).

A BBC não recebeu um cronograma oficial da delegação russa.

O objetivo da reunião

Trump vem tentando — sem muito sucesso — encerrar a guerra na Ucrânia. Durante a campanha presidencial, prometeu que poderia acabar com o conflito em até 24 horas após assumir o cargo. Ele também afirmou repetidas vezes que a guerra “nunca teria acontecido” se fosse presidente em 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho.

No mês passado, Trump disse à BBC estar “decepcionado” com Putin. Frustrado, estabeleceu um prazo até 8 de agosto para que o líder russo aceitasse um cessar-fogo imediato ou enfrentasse sanções mais duras dos EUA. Com o prazo expirado, anunciou que se encontraria pessoalmente com Putin em 15 de agosto.

A reunião ocorre após o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, ter realizado conversas “altamente produtivas” com Putin em Moscou na última quarta-feira, segundo Trump.

Antes do encontro, a Casa Branca procurou reduzir as expectativas de que o diálogo pudesse resultar em um cessar-fogo. A secretária de imprensa Karoline Leavitt descreveu o encontro como um “exercício de escuta”.

Em entrevista à Fox News Radio na quinta-feira, Trump avaliou que havia “25% de chance de o encontro não ser bem-sucedido”.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que Trump entraria na reunião com o objetivo de alcançar um acordo de cessar-fogo, mas reconheceu que um tratado de paz mais amplo exigirá tempo.

“Para chegar à paz, acho que todos reconhecemos que será preciso conversar sobre garantias de segurança, sobre disputas e reivindicações territoriais, e sobre o que está em disputa”, disse Rubio a repórteres.

Recrutas ucranianos participam de treinamento militar na região de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, em 13 de agosto de 2025, em meio à invasão russa iniciada em fevereiro de 2022
Legenda da foto,Recrutas ucranianos participam de treinamento militar na região de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, em 13 de agosto de 2025, em meio à invasão russa iniciada em fevereiro de 2022

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia afirmam há muito tempo querer o fim da guerra, mas os objetivos de cada lado colidem diretamente.

Na segunda-feira, Donald Trump disse que pretende “recuperar parte do território [ocupado pela Rússia] para a Ucrânia”, mas alertou que pode ser necessário “trocar ou ajustar áreas de terra”. Kiev, porém, rejeita categoricamente qualquer cessão de território, incluindo a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Nesta semana, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rechaçou a ideia de “trocas” territoriais:

“Não vamos recompensar a Rússia pelo que ela cometeu”, declarou.

Já Vladimir Putin não abriu mão de suas exigências sobre o controle de regiões ocupadas, a neutralidade da Ucrânia e a limitação do tamanho de seu exército.

Segundo analistas, a invasão em grande escala lançada pela Rússia em 2022 foi motivada, em parte, pela percepção de Putin de que a Otan usava a Ucrânia como base para aproximar tropas das fronteiras russas. Para a especialista Tatyana Stanovaya, o “objetivo central” do líder russo é garantir a “neutralização geopolítica” da Ucrânia.

“É extremamente difícil transmitir o que está realmente em jogo… as pessoas muitas vezes não aceitam que Putin possa querer tanto — e que fale sério sobre isso. Infelizmente, ele quer”, afirmou.


O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump, apertam as mãos.
Legenda da foto,O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump, e o devem se reunir em Anchorage na sexta-feira.

O que disse Zelensky sobre o encontro

Trump sugeriu que uma nova reunião poderia ser organizada — desta vez com a presença de Zelensky — caso o encontro de hoje seja “bom”.

Embora ainda não tenha se pronunciado nesta sexta-feira, o líder ucraniano se reuniu nos últimos dias com líderes europeus, incluindo uma videoconferência da qual Trump participou na quarta-feira.

Quando Trump confirmou os detalhes da reunião com Putin, Zelensky afirmou, em um pronunciamento em vídeo, que decisões sobre a Ucrânia sem a participação do país são “decisões natimortas” e “inviáveis”.

“O presidente Trump anunciou preparativos para sua reunião com Putin no Alasca. Muito longe desta guerra, que continua em nossa terra, contra nosso povo, e que, de qualquer forma, não pode ser encerrada sem nós, sem a Ucrânia”, declarou.

Após a videoconferência com líderes europeus — da qual Trump também participou —, Zelensky reforçou que “o caminho para a paz não pode ser definido sem a Ucrânia”. Ele agradeceu ainda a Trump pelo apoio ao país, acrescentando que os Estados Unidos estão dispostos a mantê-lo.

Por que o encontro é no Alasca

O Alasca foi comprado pelos EUA da Rússia em 1867, o que dá um peso histórico à reunião. O território se tornou Estado americano em 1959.

O assessor presidencial russo Yuri Ushakov destacou que os dois países são vizinhos, separados apenas pelo Estreito de Bering.

“Parece bastante lógico para a nossa delegação simplesmente voar sobre o Estreito de Bering e que um encontro tão importante e aguardado entre os líderes dos dois países seja realizado no Alasca”, afirmou.

A última vez que o Estado foi palco de um evento diplomático relevante foi em março de 2021, quando a equipe recém-nomeada de diplomacia e segurança nacional de Joe Biden se reuniu com representantes da China em Anchorage. O encontro foi marcado por tensões, com acusações chinesas de “condescendência e hipocrisia” por parte dos americanos.

Na cidade, poucos sinais indicam a realização da reunião de alto risco, além da presença de equipes de imprensa internacionais. Jornalistas dividem espaço com turistas vindos dos “48 Estados inferiores” que visitam a natureza selvagem do Alasca durante a alta temporada.

O que dizem moradores do Alasca?

O encontro divide opiniões no estado que já pertenceu à Rússia. Na cidade de Anchorage, dezenas de pessoas se reuniram às margens da estrada para protestar contra a presença do líder russo, agitando bandeiras da Ucrânia e cartazes com frases como “criminoso de guerra”.

A ucraniana Hanna Correa, que vive no Alasca desde 2019, diz ter se emocionado ao ver tantos americanos apoiando o seu país. “Putin deveria estar preso, e ele simplesmente vem ao Alasca assim”, afirmou.

Hanna Correa e seu filho Milan participam de um protesto em Anchorage.
Legenda da foto,Hanna Correa e seu filho Milan participam de um protesto em Anchorage.

Entre os manifestantes também estava o veterano do Exército Christopher Kelliher, morador local. Para ele, a reunião é “nojenta” e mostra que o presidente americano estaria “se curvando” a Putin.

Nem todos, porém, veem o encontro de forma negativa. Pescadores como Don Cressley, que viajou da cidade de North Pole, também no Alasca, para Anchorage, defendem a conversa entre os líderes como uma chance de encerrar a guerra. Ele elogiou Trump por “fazer um trabalho incrível” nas negociações de cessar-fogo.

A presença russa também é sentida na rotina militar da região: aviões de guerra de Moscou são frequentemente detectados próximos à costa do Alasca, o que alimenta a preocupação de alguns moradores com a segurança do Estado.

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