A Associação Araguaia Recicla, e outras lideranças do Estado em parceria com a Defensoria Pública de Cuiabá, deram um passo fundamental na luta por reconhecimento e justiça social. O grupo participou do Curso de Defensores Populares, uma iniciativa que visa capacitar catadores de materiais recicláveis sobre seus direitos e deveres, transformando-os em multiplicadores de informação.
A aula inaugural do curso foi ministrada pela defensora pública Carolina Reneé Pizzini Weitkiewic, que atua na defesa dos direitos dos catadores desde 2008. Segundo ela, é crucial quebrar a “invisibilidade de mão dupla” que afeta a categoria, na qual os trabalhadores são ignorados pela sociedade e, muitas vezes, não se veem como detentores de direitos. O objetivo é “fazer o que precisa ser feito, ainda que de forma extraordinária em defesa dessa classe invisível”.
Gaedic: empoderamento e educação em direitos
A Defensoria Pública criou o Grupo de Atuação Estratégica em Direitos Coletivos (Gaedic), uma iniciativa que busca emancipar a população. Durante o curso, foram abordados diversos temas, como direito ambiental e a inclusão socioprodutiva dos catadores. A defensora destacou a importância da categoria como “um dos grandes agentes de transformação e de combate às mudanças climáticas”.
Para o catador Marcos Wagner, membro da Araguaia Recicla, o curso representou uma oportunidade de aprendizado e empoderamento. “Trabalhei dentro do lixão desde meus 12 anos de idade, eu sei dizer muito bem o que é aquilo ali. Hoje lutamos por dignidade, e o curso nos ensina sobre isso”, afirmou. Ele também destacou a importância de ouvir relatos de outras cooperativas, como a Coopchamar, que enfrentaram desafios similares e conseguiram superá-los.
A catadora Fátima Ferreira Almeida, associada da Coorepam, também ressaltou o conhecimento adquirido. “Hoje eu tive mais conhecimento sobre as leis de inclusão e defesa dos catadores, e isso é muito importante até para estar nos ajudando dentro da nossa Cooperativa”, disse.
Lideranças para um futuro mais justo
Segundo o Dr. Getúlio Pedroso, Ouvidor Geral da Defensoria Pública de Mato Grosso, o principal objetivo do curso é formar “multiplicadores de informação”, para que as lideranças possam levar a educação em direitos para suas comunidades.


A presidente da Araguaia Recicla, Kátia Nabiane, expressou a gratidão do grupo e a importância de ser ouvido. “Poder ser ouvido e ouvir é muito importante, saímos daqui conscientes dos nossos direitos”, afirmou. Ela destacou a inspiração ao ouvir o relato da companheira Kelly Cunha, da Coopchamar, que superou os desafios enfrentados atualmente pelos catadores da Araguaia Recicla.
Kátia reforçou a convicção do grupo de que “o conhecimento adquirido ninguém te tira”. Ela também mencionou o apoio da Defensoria, que enviou o Dr. Ubirajara Marquezine para representar o Mato Grosso no IV Encontro dos Catadores da Amazônia Legal (ECAL), e a esperança de que possam enviar um representante participar do próximo encontro, o do ECAL como evento pré-COP 30 no Pará. “Podem te tirar tudo, mas se você tem Deus e conhecimento, é possível recomeçar”, concluiu.
Assessoria