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sexta-feira, novembro 21, 2025

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EUA recuam e zeram sobretaxa do agronegócio brasileiro; entenda o peso da inflação na decisão de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (20) um decreto que retira as tarifas de 40% sobre carnes, café e uma vasta gama de produtos agrícolas brasileiros. A medida, que tem efeito retroativo para produtos que entraram no território americano a partir de 13 de novembro, marca o fim de um período de forte tensão comercial e ocorre em um cenário de dupla pressão sobre a Casa Branca: a diplomática e, principalmente, a econômica.

O Brasil enfrentava um verdadeiro “tarifaço” de 50% desde o início de agosto. A barreira era composta por uma tarifa comercial recíproca de 10% (imposta a todos os parceiros e retirada no último dia 14) somada a uma sobretaxa específica de 40% para o Brasil.

A imposição original, feita via decreto em julho, teve forte conotação política.
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Na ocasião, Trump alegou que ações do governo brasileiro ameaçavam a segurança nacional e a economia dos EUA, citando explicitamente críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF e às decisões do ministro Alexandre de Moraes contra as big techs.

A virada diplomática
No novo comunicado, a justificativa política deu lugar ao pragmatismo diplomático. O documento oficial menciona uma conversa telefônica realizada em 6 de outubro de 2025 entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento”, diz o texto da Casa Branca.

O líder americano afirmou ter considerado recomendações de oficiais para concluir que era “necessário e apropriado modificar o escopo de produtos sujeitos à taxa”.

O peso do bolso: a inflação dos alimentos nos EUA
Apesar da narrativa diplomática, especialistas apontam que o motor real da decisão foi a inflação doméstica. O próprio presidente mencionou que a “demanda interna atual por determinados produtos” pesou na decisão.

Dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, citados pelo The Wall Street Journal, desenham um cenário crítico para o consumidor americano:

Café: Os preços médios subiram mais de 40% em 12 meses (até setembro).

Carne Bovina: O preço da carne moída aumentou 11,5% e o de bifes subiu 17% no último ano.

Banana: Alta de 8,6%.

Esses índices estão muito acima da inflação geral do país, que gira em torno de 3%. Brian Winter, editor-chefe da Americas Quarterly, resumiu a situação:

“A declaração cita ‘progresso nas negociações’ com Lula, mas a inflação nos EUA certamente também teve um papel importante”.
Produtos beneficiados
A ordem executiva abrange uma lista extensa de itens exportados pelo Brasil, que agora voltam a entrar nos EUA sem a sobretaxa:

Carnes: Carcaças e cortes de carne bovina (frescas, resfriadas ou congeladas).

Vegetais e Frutas: Tomates, abacaxis, abacates, mangas, laranjas, kiwis.

Especiarias e Grãos: Café, chá, mate, pimenta, baunilha, canela, cravos.

Cacau: Grãos, pasta, manteiga e pó.

Sucos: Laranja, limão e abacaxi.

Fertilizantes: Ureia, nitratos e superfosfatos.

Alívio, mas não solução imediata
Embora a retirada das tarifas seja positiva, analistas alertam que os preços nas prateleiras americanas não devem voltar aos patamares de um ano atrás imediatamente. Jacob Aiken-Phillips, do instituto Melius Research, explicou à ABC News que há fatores estruturais em jogo.

“Os preços do café estão significativamente mais altos do que a média histórica.
O principal fator é que existem problemas na cadeia de suprimentos. Houve seca e condições climáticas adversas no Brasil e no Sudeste Asiático. Os estoques estão baixos”, ponderou o especialista.
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Fonte: Agência Brasil

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