A situação fiscal do Brasil apresentou uma deterioração acentuada em novembro de 2025, com todos os principais indicadores apontando para um cenário de desequilíbrio nas contas públicas. Dados divulgados nesta terça-feira (30) pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central (BC) revelam uma escalada rápida do endividamento e um aumento expressivo no déficit, evidenciando a dificuldade do Governo Federal em estancar a sangria de gastos, apesar dos sucessivos recordes arrecadatórios.
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) teve um salto de 2,75% em apenas 30 dias, saindo de R$ 8,25 trilhões em outubro para a nova marca histórica de R$ 8,48 trilhões em novembro.
O aumento não é apenas nominal: a Dívida Bruta do Governo Geral — principal indicador de solvência observado pelo mercado internacional — subiu para 79% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 78,4% no mês anterior.
Rombo nas contas dobra em um ano
Enquanto a dívida cresce, o resultado primário (a diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta, sem contar os juros) piorou drasticamente. As contas públicas registraram um déficit primário de R$ 14,4 bilhões em novembro.
O valor é mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2024, quando o rombo foi de R$ 6,6 bilhões.
O principal responsável pelo desempenho negativo foi o próprio Governo Central (Tesouro, Previdência e Banco Central), que sozinho apresentou um buraco de R$ 16,9 bilhões. O resultado só não foi pior porque governos regionais (estados e municípios) registraram superávit de R$ 5,3 bilhões, amenizando parcialmente a conta final.
As estatais também fecharam no vermelho, com déficit de R$ 2,9 bilhões. No acumulado de 12 meses, o déficit primário consolidado já soma R$ 45,5 bilhões (0,36% do PIB), indicando uma tendência de piora contínua.
A fatura dos juros: R$ 1 trilhão
O custo para financiar essa dívida crescente pesa cada vez mais no orçamento. Segundo o Banco Central, apenas em novembro, os juros nominais custaram R$ 87,2 bilhões aos cofres públicos.
No acumulado de 12 meses, a conta de juros atinge a impressionante cifra de R$ 981,9 bilhões — o equivalente a 7,77% de toda a riqueza produzida no país.
Quando se soma o déficit primário a essa conta de juros, chega-se ao déficit nominal, que em novembro foi de R$ 101,6 bilhões. Em 12 meses, o déficit nominal do setor público ultrapassou a barreira do trilhão: R$ 1.027,4 bilhão (8,13% do PIB).
Emissões de dívida disparam
O relatório do Tesouro Nacional detalha que o aumento do estoque da dívida em novembro foi impulsionado por dois fatores: a apropriação de juros (R$ 74,5 bilhões) e a necessidade do governo de emitir novos títulos para se financiar. As emissões líquidas somaram R$ 142,44 bilhões no mês.
A dívida interna (em reais) subiu 2,73%, atingindo R$ 8,16 trilhões. Já a dívida externa teve alta de 3,24%, fechando o mês em R$ 314,95 bilhões (US$ 59 bilhões).
A Dívida Líquida do Setor Público (que desconta os ativos do governo) também subiu, alcançando 65,2% do PIB, uma alta de 0,5 ponto percentual em relação a outubro.
O Banco Central atribuiu essa elevação, sobretudo, aos juros apropriados e ao déficit primário, confirmando que o desajuste fiscal interno é o principal motor do aumento do endividamento brasileiro.
FONTE Da redação com informações da Agência Brasil


